27.4.14

25.4.14

Bobó de bobagens

fico bobo
com tanta bobagem
compartilhada
igual salada
que mal
temperada
não leva
à nada
é copa
cozinha
quarto e sala
e a casa
entulhada
dessa tralha
espalhada.



Vírus só

peguei
uma gripe
perdi
um poema
a vida
é bela
pena
que é pequena.

24.4.14

Imaginossa

não existe
riqueza maior
que a imaginação
a minha
a sua
a nossa
a imaginação
que com sua fantasia
faz a realidade
entrar na fossa.

23.4.14

As armas de Jorge

nada
é mais eterno
que a luta do bem
contra o mal
em cada esquina
em cada mapa astral
deus e o diabo
disputam
sua alma
imortal.

21.4.14

Astrólogo

sim
estudo estrelas
embora nem possa vê-las
tento entendê-las
sim
estudo estrelas
vejo novelas
num céu
de dramas
encontro portelas
em passarelas
e via lácteas
de amores
taras
tristes
e alegres
obsessões
sim
estudo estrelas
e encontro ETs
onde nunca
imaginei.

O que vier

o que vier
eu traço
problema
doença
cansaço
tenho a alma
cheia de blues
o coração
cheio de espaço
pode vir
meu corpo
é de aço
o que vier
eu passo.

18.4.14

Obituário

teve
cinco viroses
duas dengues
três paixões

tinha
muita saúde
poucos estudos
algumas emoções

morreu
numa curva
mal feita entre
dois caminhões.

16.4.14

Fama

o sucesso
dos feios
é a monotonia
dos bonitos
num mundo
em que muitos
cantam
canários
ele cantou
periquitos.

14.4.14

Eclipse

você sumiu
no meio da lua
fugiu
quase nua
receosa
da minha
iluminação
mal sabia
o quanto
eu era escuro
e que sua
luz pálida
era a única
que iluminava

minha escuridão.

9.4.14

Abrupto cupido

reconheço
sua elegância sutil
de caetano (e bobô)
reconheço
que seu tempo
não passa
e nem passou

mas também

reconheça
meu bem
reconheça
a deselegância discreta
desta seta

que acertou

bem no meio
do seu alvo e calvo
amor.

4.4.14

Cronologia

ah, o amor
as folhas caem
as flores brilham
as mãos se entrelaçam
ah, o amor
os sinais abrem
os sinais fecham
os corpos se abraçam
ah, o amor
o café no bule
o pão na mesa
a comilança na cama
ah o amor
o fim é logo ali
o início foi lá atrás
o desejo é nunca mais.

Débito automático

a maioria prefere
morrer
à prestação
em pesadas parcelas
de tédio
e desilusão
quero morrer
à vista
sem senhas
sem crédito
ou tempo
para reflexão.

2.4.14

Batman

os morcegos
lá fora
fazem aquele som
que se enxerga

enquanto eu
no sofá
assisto a televisão
que não vejo.

Gaveta

no meio de uma tristeza

perdi um poema
misturado
que ficou
nas milhares
de dores alheias

é difícil
encontrar
a própria cor
quando a vista
se embaralha numa
gaveta de meias.

Reflexos

 reflito meu futuro com o olhar do passado sei que morro sei que lagoa sou sujeito à toa que a morte zoa.