dois
zero
zero
oito
traga muito leite
traga muito biscoito
dois
zero
zero
oito
não deixe pra depois
não espere até dezoito
dois
zero
zero
oito
sem pressa pra viver
sem essa de ser afoito
dois zero zero oito
tenho nada pra dizer
tenho tudo pra fazer
lanço um olhar
dois
zero
zero
outro.
A poesia é minha, sua, nossa. A poesia é banho, surra, coça. A poesia é. O resto é troça.
29.12.07
22.12.07
Natal
16.12.07
Dependência
dependendo de quem pensa
segue a vida seu destino
dependendo de quem vive
morre um dia um menino
dependendo de quem morre
vai ter festa pro assassino.
segue a vida seu destino
dependendo de quem vive
morre um dia um menino
dependendo de quem morre
vai ter festa pro assassino.
12.12.07
Formatura
sob a forma dura
das formaturas
há o recheio mole
das emoções
sob a beca negra
das formalidades
há a roupa livre
das festividades
sob a placa fria
das homenagens
há o sentido simples
das amizades
formatura
há sempre uma lágrima
sincera
que as cameras insistem
em não captar.
das formaturas
há o recheio mole
das emoções
sob a beca negra
das formalidades
há a roupa livre
das festividades
sob a placa fria
das homenagens
há o sentido simples
das amizades
formatura
há sempre uma lágrima
sincera
que as cameras insistem
em não captar.
8.12.07
Godbye
Deus disse adeus
e nem quer saber
por que a humanidade
não melhora
saiu pra almoçar
e não voltou
até agora.
e nem quer saber
por que a humanidade
não melhora
saiu pra almoçar
e não voltou
até agora.
2.12.07
Dezembro
fico devendo
a fraternidade total
o espírito de natal
um décimo terceiro
de esperança
rabanadas e lembranças
sigo rolando
pelas escadas
dos shoppings
cheios de presentes
com saudades
dos ausentes.
a fraternidade total
o espírito de natal
um décimo terceiro
de esperança
rabanadas e lembranças
sigo rolando
pelas escadas
dos shoppings
cheios de presentes
com saudades
dos ausentes.
26.11.07
Nervoso
tenho os nervos
pinçados
de caso
pensado
perco a calma
que nunca tive
tenho as normas
pensadas
de tranças
cruzado
pinço a alma
que nunca vive
há coisas que estão me matando
há seres que vão me mantendo
há métodos que não levam
a nada
e tudo bem.
pinçados
de caso
pensado
perco a calma
que nunca tive
tenho as normas
pensadas
de tranças
cruzado
pinço a alma
que nunca vive
há coisas que estão me matando
há seres que vão me mantendo
há métodos que não levam
a nada
e tudo bem.
20.11.07
Zumbi
liberdade
só se for pra todos
igualdade
só se for pra sempre
fraternidade
só se for agora
porque o ideal é sonhar acordado
e saber que o futuro
já passou da hora.
só se for pra todos
igualdade
só se for pra sempre
fraternidade
só se for agora
porque o ideal é sonhar acordado
e saber que o futuro
já passou da hora.
18.11.07
Coisas erradas
pneu furado
buraco na estrada
feriado chuvoso
fruta estragada
nome esquecido
resposta atrasada
coração partido
por perto
uma gargalhada
há coisas muito certas
outras
muito erradas
mas o certo
é que ambas
passado um tempo
não são mais nada.
buraco na estrada
feriado chuvoso
fruta estragada
nome esquecido
resposta atrasada
coração partido
por perto
uma gargalhada
há coisas muito certas
outras
muito erradas
mas o certo
é que ambas
passado um tempo
não são mais nada.
14.11.07
Suavidade
minha idade
sua idade
namoro
ou
amizade?
minha idade
vaidade
leviandade
veleidade
amor
ou
maldade?
sigo o sussurro
do sexto sentido
sou cego sou surdo
sou
suavidade.
sua idade
namoro
ou
amizade?
minha idade
vaidade
leviandade
veleidade
amor
ou
maldade?
sigo o sussurro
do sexto sentido
sou cego sou surdo
sou
suavidade.
10.11.07
5.11.07
Deprê
depressivo persigo a tristeza
como um doce de festa sem comida
depressivo percebo o obstáculo
como a grande muralha da china
depressivo afasto a alegria
como se ela fosse
o sintoma
de uma mundana vida feliz
depressivo enfio o pé na lama
escorrego e caio
da cama
para mais um abençoado dia
de bis.
como um doce de festa sem comida
depressivo percebo o obstáculo
como a grande muralha da china
depressivo afasto a alegria
como se ela fosse
o sintoma
de uma mundana vida feliz
depressivo enfio o pé na lama
escorrego e caio
da cama
para mais um abençoado dia
de bis.
Sessão "que inveja" IV - Vladímir Maiakóvski
brilhar para sempre
brilhar como um farol
brilhar com brilho eterno
gente é pra brilhar
que tudo o mais vá pro inferno
este é o meu slogan
e o do sol
Tradução de Augusto de Campos
do poema de 1920, "A extraordinária aventura vivida
por Vladímir Maiakóvski no verão na datcha"
1.11.07
Mortinhos
não importa
tanto fez
tanto faz
um dia
descansaremos em paz
afinal
sempre chega
a hora
em que vivemos
demais.
tanto fez
tanto faz
um dia
descansaremos em paz
afinal
sempre chega
a hora
em que vivemos
demais.
27.10.07
Portugeses
minha avó era portuguesa
com certeza
pois tinha na vida
essa tristeza
que faz as vezes de beleza
na natureza simples
das coisas
minha avó era portuguesa
com tristeza
pois sofreu de tudo
um pouco
que amarrou um filho à mesa
na certeza rígida
daqueles tempos
minha avó era portuguesa
que beleza
pois tingiu de vinho
nossa memória
que saiu da vida à francesa
na grandeza mínima
de uma história.
com certeza
pois tinha na vida
essa tristeza
que faz as vezes de beleza
na natureza simples
das coisas
minha avó era portuguesa
com tristeza
pois sofreu de tudo
um pouco
que amarrou um filho à mesa
na certeza rígida
daqueles tempos
minha avó era portuguesa
que beleza
pois tingiu de vinho
nossa memória
que saiu da vida à francesa
na grandeza mínima
de uma história.
26.10.07
Intimidade
amigosíntimos
amizadespróximas
comonossentimos
sensuaisdemais
háumconsensosórdido
nunca
seremosjamais.
amizadespróximas
comonossentimos
sensuaisdemais
háumconsensosórdido
nunca
seremosjamais.
25.10.07
Chuva
quando chove assim
pura e simplesmente
vem um cheiro de fim
de tarde
de poças
de planta
do pé
molhado
ziguezagueando entre rios
com margens de pedras
portuguesas
segue-se o caminho
úmido
das incertezas
ainda existe
em botafogo
uma real grandeza?
pura e simplesmente
vem um cheiro de fim
de tarde
de poças
de planta
do pé
molhado
ziguezagueando entre rios
com margens de pedras
portuguesas
segue-se o caminho
úmido
das incertezas
ainda existe
em botafogo
uma real grandeza?
19.10.07
Sensível
sento a mão
no teclado
é tecla
pra todo lado
sinto-me
desesperado
mas onde há
letras
há esperanç
a
no teclado
é tecla
pra todo lado
sinto-me
desesperado
mas onde há
letras
há esperanç
a
15.10.07
14.10.07
Predadores
somos presas
presunçosas
que aprenderam
a predar
apreensivos
prosseguimos
silenciosos
a matar
somos presas
temos pressa
só nos resta
atacar.
presunçosas
que aprenderam
a predar
apreensivos
prosseguimos
silenciosos
a matar
somos presas
temos pressa
só nos resta
atacar.
8.10.07
Criança
feliz
quebrou o nasal
foi pra são luís
tomar um nescau
oh meu bom cuscuz
que a todos seduz
alimentai as crianças
do nosso brasil.
quebrou o nasal
foi pra são luís
tomar um nescau
oh meu bom cuscuz
que a todos seduz
alimentai as crianças
do nosso brasil.
4.10.07
Torto
perder
o compasso
quebrar
a régua
sair
do esquadro
inverter
a métrica
o compasso
quebrar
a régua
sair
do esquadro
inverter
a métrica
sou
um sucesso
milimetricamente
fracassado.
um sucesso
milimetricamente
fracassado.
29.9.07
Rosa
a menina toda prosa
vestiu rosa
e cresceu
cresceu aos próprios olhos
e aos olhos alheios
aos seus
saiu de casa embrulhada
em sonhos próprios
só seus
distraída atravessou a vida
aquela avenida
e desapareceu.
vestiu rosa
e cresceu
cresceu aos próprios olhos
e aos olhos alheios
aos seus
saiu de casa embrulhada
em sonhos próprios
só seus
distraída atravessou a vida
aquela avenida
e desapareceu.
24.9.07
20.9.07
Barraco
poesia e porrada
é só começar
quebra o verso
soca a rima
chuta a métrica
passa por cima
arrebenta o ritmo
alucina
poesia e porrada
só pra variar
perdeu poeta
perdeu.
é só começar
quebra o verso
soca a rima
chuta a métrica
passa por cima
arrebenta o ritmo
alucina
poesia e porrada
só pra variar
perdeu poeta
perdeu.
16.9.07
Psicologia
eu penso
você pensa
nós pensamos
eu tenso
você tensa
nós casamos
eu lenço
você lágrimas
nós nos separamos
nosso inferno
anda cheio
de boas intenções.
você pensa
nós pensamos
eu tenso
você tensa
nós casamos
eu lenço
você lágrimas
nós nos separamos
nosso inferno
anda cheio
de boas intenções.
14.9.07
Bananeira
de cabeça pra baixo
acho tudo
um esculacho
invertido
divertido
sem sentido
largo tudo
e me esborracho.
acho tudo
um esculacho
invertido
divertido
sem sentido
largo tudo
e me esborracho.
9.9.07
Beethoven
estou surdo
mas sinto
a música
fluindo
passo a vida
sentindo
indo e vindo
mesmo que nenhum movimento
tenha sentido
torno humano
o mundo
em que vivo
sou surdo
tenho a felicidade
de não precisar mais
ter ouvidos.
mas sinto
a música
fluindo
passo a vida
sentindo
indo e vindo
mesmo que nenhum movimento
tenha sentido
torno humano
o mundo
em que vivo
sou surdo
tenho a felicidade
de não precisar mais
ter ouvidos.
7.9.07
Dependência
sou dono do meu destino
escrevo embaixo
e assino
sou senhor do meu karma
miro o futuro
uso arma
sou proprietário do meu conjugado
ando livremente
no metro quadrado
sou independente do meu verso
morro de medo
e me despeço.
escrevo embaixo
e assino
sou senhor do meu karma
miro o futuro
uso arma
sou proprietário do meu conjugado
ando livremente
no metro quadrado
sou independente do meu verso
morro de medo
e me despeço.
2.9.07
28.8.07
Negro
sou um branco
de alma negra
tenho as pernas bambas
e
no fundo
nenhuma certeza
sou soul music
sou beleza
ando em círculos
faço piruetas
gingo pela vida
rio na mesa
sou um branco
de alma negra
sobre a tela
pálida
pinto poesia
preta.
de alma negra
tenho as pernas bambas
e
no fundo
nenhuma certeza
sou soul music
sou beleza
ando em círculos
faço piruetas
gingo pela vida
rio na mesa
sou um branco
de alma negra
sobre a tela
pálida
pinto poesia
preta.
24.8.07
A paixão
fiquei cafona
perdi o senso
comprei incenso
e rosas vermelhas
vi velas acesas
no fundo dos seus olhos
pedi sobremesas
descansei nas ondas
dos seus cabelos
e não satisfeito
passeei nas curvas
do seu corpo
quando acordei
estavo morto
voltei a ser um
afogado nas rimas
de um lugar-comum.
perdi o senso
comprei incenso
e rosas vermelhas
vi velas acesas
no fundo dos seus olhos
pedi sobremesas
descansei nas ondas
dos seus cabelos
e não satisfeito
passeei nas curvas
do seu corpo
quando acordei
estavo morto
voltei a ser um
afogado nas rimas
de um lugar-comum.
21.8.07
Mega sena
a sorte se espalha
em números
impávidos
insossos
calados
ante o olhar
leite condensado
das doces esperanças
mega sena
panorâmica imagem
miragem de sonhos
olhares risonhos
ante o medo mortal
de acertar em cheio
e gastar num só meio
toda a ventura reunida
que um dia teremos na vida.
em números
impávidos
insossos
calados
ante o olhar
leite condensado
das doces esperanças
mega sena
panorâmica imagem
miragem de sonhos
olhares risonhos
ante o medo mortal
de acertar em cheio
e gastar num só meio
toda a ventura reunida
que um dia teremos na vida.
18.8.07
Morte
não existe nada de novo
em nossa natureza
morta
ela sempre bate à porta
dos de vida reta
dos de vida torta
não existe nada a tremer
agora e sempre
a inês é
corta.
em nossa natureza
morta
ela sempre bate à porta
dos de vida reta
dos de vida torta
não existe nada a tremer
agora e sempre
a inês é
corta.
16.8.07
Idade
temos a idade
da nossa imaginação
maduro pela manhã
de noite doidão
temos a vaidade
da nossa realização
mal visto no espelho
bendito no salão
temos a realidade
sem graça e sem razão
me mudo pra mim mesmo
e aqui não volto não.
da nossa imaginação
maduro pela manhã
de noite doidão
temos a vaidade
da nossa realização
mal visto no espelho
bendito no salão
temos a realidade
sem graça e sem razão
me mudo pra mim mesmo
e aqui não volto não.
12.8.07
Meu pai
uma poesia é pouco
pra quem já fez tanto
sem cobrar, sem pergunta
uma poesia é nada
pra quem já fez tudo
sem sequer, sem contudo
pai
meu melhor poema é mudo
então vai um abraço
um beijo
um sentimento profundo
que uma vida é pouco
quero ser seu filho
até o fim
de um outro mundo.
pra quem já fez tanto
sem cobrar, sem pergunta
uma poesia é nada
pra quem já fez tudo
sem sequer, sem contudo
pai
meu melhor poema é mudo
então vai um abraço
um beijo
um sentimento profundo
que uma vida é pouco
quero ser seu filho
até o fim
de um outro mundo.
10.8.07
Embocadura
o importante não é falar
é não perder a embocadura
o relevante não é ser
é possuir uma casca dura
passo horas a fio olhando pro rio e não vejo um peixe
penteio o meus pelos pubianos como se alguém fosse vê-los
no momento seguinte
é um assalto
é um crime
essa vida de mãos ao alto
e o medo de viver que nos oprime.
é não perder a embocadura
o relevante não é ser
é possuir uma casca dura
passo horas a fio olhando pro rio e não vejo um peixe
penteio o meus pelos pubianos como se alguém fosse vê-los
no momento seguinte
é um assalto
é um crime
essa vida de mãos ao alto
e o medo de viver que nos oprime.
7.8.07
Cilada
3.8.07
Agosto
como eu gosto
de agosto
mês oposto
a fevereiro
nem carnaval
nem festeiro
tem gosto
de mês inteiro
fico no meu posto
é agosto
do freguês
que o poeta vive
até janeiro.
de agosto
mês oposto
a fevereiro
nem carnaval
nem festeiro
tem gosto
de mês inteiro
fico no meu posto
é agosto
do freguês
que o poeta vive
até janeiro.
31.7.07
Novidade
hoje vi um inseto diferente
era preto no fundo
colorido na frente
suas asas
dois triângulos
bateram
de repente
sinto que nunca mais vou vê-lo
bichinho independente
deve estar comentando
em casa
hoje vi um ser humano
estranho
como toda a sua gente
fugi o mais depressa que pude
sabe-se lá o que ele tinha
em mente?
era preto no fundo
colorido na frente
suas asas
dois triângulos
bateram
de repente
sinto que nunca mais vou vê-lo
bichinho independente
deve estar comentando
em casa
hoje vi um ser humano
estranho
como toda a sua gente
fugi o mais depressa que pude
sabe-se lá o que ele tinha
em mente?
26.7.07
Avós
são pais
com uma dose a mais
bêbados ideais
sábios demais
pra perder tempo
com outra coisa
que não seja o amor.
com uma dose a mais
bêbados ideais
sábios demais
pra perder tempo
com outra coisa
que não seja o amor.
23.7.07
Quase isso
o que não é
é quase
caso não seja
enseja
isso ou aquele
solfejo
é quase um som
sussurro
sobe no morro
soturno
sabe-se é certo
sombrio
o que não é
só se sabe
ser isso.
é quase
caso não seja
enseja
isso ou aquele
solfejo
é quase um som
sussurro
sobe no morro
soturno
sabe-se é certo
sombrio
o que não é
só se sabe
ser isso.
20.7.07
Amigos
levo comigo
pra onde eu for
sejam de qualquer cor
sejam grandes ou pequenos
sejam de qualquer sexo ou idade
sejam muito bons ou mais ou menos
são amigos
e trazem consigo
a marca registrada
da amizade.
pra onde eu for
sejam de qualquer cor
sejam grandes ou pequenos
sejam de qualquer sexo ou idade
sejam muito bons ou mais ou menos
são amigos
e trazem consigo
a marca registrada
da amizade.
17.7.07
Acidentes
acontecem
quando plutão se aborrece
ou urano enlouquece
só resta aqui uma prece
pelos que ficam
pelos que desaparecem
porque na vida
só é finito
aquilo
que a gente esquece.
quando plutão se aborrece
ou urano enlouquece
só resta aqui uma prece
pelos que ficam
pelos que desaparecem
porque na vida
só é finito
aquilo
que a gente esquece.
15.7.07
12.7.07
Vigília
perdi um poema
dormindo
cravei a última sílaba
fluindo
achei a idéia simpática
indo e vindo
caí no sono de novo
sumindo.
dormindo
cravei a última sílaba
fluindo
achei a idéia simpática
indo e vindo
caí no sono de novo
sumindo.
11.7.07
8.7.07
Maravilha
5.7.07
Hai Kai de São João
Sem nome
não é sensato
não faz sentido
não deve ser
não é bem-vindo
mas ainda assim
insiste
em ser compreendido
é muito esquisito
e zonzo
como um
mosquito.
não faz sentido
não deve ser
não é bem-vindo
mas ainda assim
insiste
em ser compreendido
é muito esquisito
e zonzo
como um
mosquito.
3.7.07
29.6.07
Marketing
se o negócio é vender
estou perdido
sou um ser de troca
escambo
permuta
se o negócio é dinheiro
estou fodido
sou um ser de vento
brisa
paisagem
se o negócio é negócio
estou falido
sou um sertanejo
e troco
um milhão
por um beijo.
estou perdido
sou um ser de troca
escambo
permuta
se o negócio é dinheiro
estou fodido
sou um ser de vento
brisa
paisagem
se o negócio é negócio
estou falido
sou um sertanejo
e troco
um milhão
por um beijo.
26.6.07
Preguiça II
vamos à missa?
quem é que fica em casa?
preguiça.
preguiça é o dom de ficar parado
atordoado
com o movimento ao nosso lado
preguiça é a prima rica do tédio
resiste ao assédio
incessante do trágico assalariado
preguiça é uma sensação tranqüila
mora na vila
e não no comdomínio super valorizado
preguiça é um estado de desânimo
tão magnânimo
que não tem o menor desejo de ser
explicado.
quem é que fica em casa?
preguiça.
preguiça é o dom de ficar parado
atordoado
com o movimento ao nosso lado
preguiça é a prima rica do tédio
resiste ao assédio
incessante do trágico assalariado
preguiça é uma sensação tranqüila
mora na vila
e não no comdomínio super valorizado
preguiça é um estado de desânimo
tão magnânimo
que não tem o menor desejo de ser
explicado.
23.6.07
Bebês
a primeira fralda
o primeiro cercadinho
a vacina da gotinha
o teste do pezinho
passeio pra pegar sol
a meleca no narizinho
a dor de ouvido médio
o remédio do vizinho
visita à creche mais próxima
achamos tudo tão limpinho
amamos aquela que é longe
cara mas com muito carinho
falamos mil vezes não
dissemos mil e uma vezes sim
choramos de emoção
a cada início do fim
fomos bobos
somos tolos
sopramos velas
comemos bolos
hoje eles estão grandes
são gigantes
no meio do ninho
e nós como antes
imaginamos
somos só pais
somos sozinhos.
Liberdade
ainda que tarde
noite ou madrugada
liberdade
ainda que roubada
vendida ou comprada
liberdade
ou você tem
ou não tem
ou você faz
ou corre atrás
porque sozinha
ela não vem.
noite ou madrugada
liberdade
ainda que roubada
vendida ou comprada
liberdade
ou você tem
ou não tem
ou você faz
ou corre atrás
porque sozinha
ela não vem.
21.6.07
Azul
tudo de bom
tudo do bem
meia lua no céu
vaivém
o trânsito flui
meu nariz também
nenhuma dor
sono de neném
há dias assim
ideais pra mim
especiais pra ninguém.
tudo do bem
meia lua no céu
vaivém
o trânsito flui
meu nariz também
nenhuma dor
sono de neném
há dias assim
ideais pra mim
especiais pra ninguém.
17.6.07
Vizinhos
são pedacinhos
da casa
ali do lado
são aliados
na luta
da vida
contra a rotina
certeira
não falha:
o carteiro passa
o cachorro late
o pedinte pede
o porteiro bate
somos vizinhos
de sempre
de frente
de fundos
seguimos essa rua que vai dar no fim do mundo.
da casa
ali do lado
são aliados
na luta
da vida
contra a rotina
certeira
não falha:
o carteiro passa
o cachorro late
o pedinte pede
o porteiro bate
somos vizinhos
de sempre
de frente
de fundos
seguimos essa rua que vai dar no fim do mundo.
12.6.07
Namorados
mãos dadas
beijos pedidos
línguas afiadas
corações partidos
pernas cruzadas
olhares perdidos
namorados
nada é dado
tudo é trocado
somos almas penadas
pisando o chão
das emoções
enamorados.
beijos pedidos
línguas afiadas
corações partidos
pernas cruzadas
olhares perdidos
namorados
nada é dado
tudo é trocado
somos almas penadas
pisando o chão
das emoções
enamorados.
10.6.07
Sedução
o texto passa perto
presta atenção
a letra roça no desejo
pega na mão
o verso é meia-verdade
mente e tesão
a rima é só um som
leve intenção
não deixe a palavra no espaço
no futuro
ouvirão
alguém pode perceber
nesse poema
uma ereção.
presta atenção
a letra roça no desejo
pega na mão
o verso é meia-verdade
mente e tesão
a rima é só um som
leve intenção
não deixe a palavra no espaço
no futuro
ouvirão
alguém pode perceber
nesse poema
uma ereção.
7.6.07
5.6.07
Faz frio
demais para as criaturas do rio
faz frio
demais para pensar em aquecimento global
faz frio
demais para tomar uma coca-cola gelada
faz frio
demais para perceber que tudo é natural
faz frio
quando se sente um arrepio
e a coluna vertebral pode bem ser
uma lacraia inesperada saindo do ralo
invadindo a sua vida privada com a agilidade
mórbida de sua picada
faz frio
mas eu suo em demasia
para uma alma pelada.
faz frio
demais para pensar em aquecimento global
faz frio
demais para tomar uma coca-cola gelada
faz frio
demais para perceber que tudo é natural
faz frio
quando se sente um arrepio
e a coluna vertebral pode bem ser
uma lacraia inesperada saindo do ralo
invadindo a sua vida privada com a agilidade
mórbida de sua picada
faz frio
mas eu suo em demasia
para uma alma pelada.
3.6.07
31.5.07
28.5.07
Investigador
investigando o passado
sigo passos bem pesados
não há marcas nas pedras
o asfalto não deixa pistas
sou um índio solitário
numa reserva indígena
pesco a direção do vento
farejo a trilha das estrelas
vejo o som de patas ao longe
sinto a sensação de peixes
voando em minha cabeça
fui um índio solidário
numa cabana indígena
hoje ouço
mp3
hoje vejo
mp4
hoje vivo
no meu teclado
mas sou um índio libertário
nesse único verso
indígena.
sigo passos bem pesados
não há marcas nas pedras
o asfalto não deixa pistas
sou um índio solitário
numa reserva indígena
pesco a direção do vento
farejo a trilha das estrelas
vejo o som de patas ao longe
sinto a sensação de peixes
voando em minha cabeça
fui um índio solidário
numa cabana indígena
hoje ouço
mp3
hoje vejo
mp4
hoje vivo
no meu teclado
mas sou um índio libertário
nesse único verso
indígena.
25.5.07
Aniversário
mais um ano de vida
e nada a reclamar
tenho mulher
tenho filhos
tenho bichos
para acariciar
mais um ano de vida
e nada de arrepender
fiz amigos
fiz poemas
para nunca esquecer
mais um ano de vida
e tudo está por vir
venham netos
venham afetos
até a hora de ir.
e nada a reclamar
tenho mulher
tenho filhos
tenho bichos
para acariciar
mais um ano de vida
e nada de arrepender
fiz amigos
fiz poemas
para nunca esquecer
mais um ano de vida
e tudo está por vir
venham netos
venham afetos
até a hora de ir.
23.5.07
Desafinado
afinando as cordas
vocais
abdico da voz
nunca mais
afiando as facas
fatais
acerto contas
vou atrás
nada me escapa nesse mundo de meu deus
pena que em cada mundo haja tantos zeus
juro vingança
faço lambança
pensar até cansa
saio armado
atiro pra todo lado
com sorte
miro no inocente
e acerto o culpado.
vocais
abdico da voz
nunca mais
afiando as facas
fatais
acerto contas
vou atrás
nada me escapa nesse mundo de meu deus
pena que em cada mundo haja tantos zeus
juro vingança
faço lambança
pensar até cansa
saio armado
atiro pra todo lado
com sorte
miro no inocente
e acerto o culpado.
21.5.07
As moiras
tecem o nosso destino
seja você
santo ou assassino
gente ou pedra
velho ou menino
as moiras
não se divertem
apenas fiam, medem
cortam
nossa vida em pedacinhos
grandes ou pequeninos
às moiras
tanto faz se sofremos
ou gozamos
de onde viemos
para onde vamos
se somos sãos ou insanos
as moiras sempre existiram
são o que há
resistiram
e resistirão
ao passar
dos anos.
seja você
santo ou assassino
gente ou pedra
velho ou menino
as moiras
não se divertem
apenas fiam, medem
cortam
nossa vida em pedacinhos
grandes ou pequeninos
às moiras
tanto faz se sofremos
ou gozamos
de onde viemos
para onde vamos
se somos sãos ou insanos
as moiras sempre existiram
são o que há
resistiram
e resistirão
ao passar
dos anos.
20.5.07
Sessão que inveja III - Oswald de Andrade
Um de meus poetas preferidos. Viva Oswald de Andrade!
As quatro gares
infância
O camisolão
O jarro
O passarinho
O oceano
A visita na casa que a gente sentava no sofá
adolescência
Aquele amor
nem me fale
maturidade
O Sr. e a Sr. Amadeu
Participam a VExa.
O feliz nascimento
De sua filha
Gilberta
velhice
O menino jogou os óculos
Na latrina
meus sete anos
Papai vinha de tarde
da faina de labutar
Eu esperava na calçada
Papai era gerente
Do Banco Popular
Eu aprendia com ele
Os nomes dos negócios
Juros hipotecas
Prazo amortização
Papai era gerente
Do Banco popular
Mas descontava cheques
No guichê do coração
As quatro gares
infância
O camisolão
O jarro
O passarinho
O oceano
A visita na casa que a gente sentava no sofá
adolescência
Aquele amor
nem me fale
maturidade
O Sr. e a Sr. Amadeu
Participam a VExa.
O feliz nascimento
De sua filha
Gilberta
velhice
O menino jogou os óculos
Na latrina
meus sete anos
Papai vinha de tarde
da faina de labutar
Eu esperava na calçada
Papai era gerente
Do Banco Popular
Eu aprendia com ele
Os nomes dos negócios
Juros hipotecas
Prazo amortização
Papai era gerente
Do Banco popular
Mas descontava cheques
No guichê do coração
17.5.07
Lost
perdidos numa ilha
perdidos no espaço
somos circo
somos palhaços
nos evolvemos com estrelas
beijamos astros
somos fãs
da vida vivida em capítulos
com intervalos
comerciais
intelectuais
espirituais
não somos nada
somos demais
nada demais
pra fugir
deixar pra depois
pois estamos lost
na vida somos poste
e os fios que nos enfeitam
são finas formas de ligar
a energia que rola entre nós
tá ligado?
estamos ligados
estamos sós
no tempo e no espaço
de nossos avós.
perdidos no espaço
somos circo
somos palhaços
nos evolvemos com estrelas
beijamos astros
somos fãs
da vida vivida em capítulos
com intervalos
comerciais
intelectuais
espirituais
não somos nada
somos demais
nada demais
pra fugir
deixar pra depois
pois estamos lost
na vida somos poste
e os fios que nos enfeitam
são finas formas de ligar
a energia que rola entre nós
tá ligado?
estamos ligados
estamos sós
no tempo e no espaço
de nossos avós.
12.5.07
Todas as mães
todas as mães
que conheci
são matildes
ilhas de amor
cercadas de ventos
uivantes filhotes
beijando suas praias
prenhes de esperanças
nadando em volta
dos seus olhos atentos
gemas de ovos
centros de poder
seus desejos são sinas
suas bençãos divinas
suas pragas assassinas
suas promessas
milagrosas
transformam tristezas
constroem riquezas
enfrentam a dureza
dos séculos
com segundos
de fé
são mães
são matildes
são provas
sempre vivas
da eficiência
mágica
do amor.
que conheci
são matildes
ilhas de amor
cercadas de ventos
uivantes filhotes
beijando suas praias
prenhes de esperanças
nadando em volta
dos seus olhos atentos
gemas de ovos
centros de poder
seus desejos são sinas
suas bençãos divinas
suas pragas assassinas
suas promessas
milagrosas
transformam tristezas
constroem riquezas
enfrentam a dureza
dos séculos
com segundos
de fé
são mães
são matildes
são provas
sempre vivas
da eficiência
mágica
do amor.
6.5.07
Louco
1.5.07
Trabalho
pra caralho
malho
o dia inteiro
dinheiro
tem cheiro
cor de
destempero
espero
o dia primeiro
pago
todos os pecados
a prazo
com juros
que não faço mais
rapaz
pra quê tanto trabalho
todo mundo manda
e você
sempre
faz.
malho
o dia inteiro
dinheiro
tem cheiro
cor de
destempero
espero
o dia primeiro
pago
todos os pecados
a prazo
com juros
que não faço mais
rapaz
pra quê tanto trabalho
todo mundo manda
e você
sempre
faz.
28.4.07
Chuva e vento
natureza em movimento
perdi o assento
voou o chapéu
com a força
dos elementos
passei maus momentos
até entender
que o entardecer
não tarda
que o anoitecer
não falha
que o amanhecer
não falta
dá um tempo
pois a tristeza faz parte
da natureza torta
dos sentimentos.
perdi o assento
voou o chapéu
com a força
dos elementos
passei maus momentos
até entender
que o entardecer
não tarda
que o anoitecer
não falha
que o amanhecer
não falta
dá um tempo
pois a tristeza faz parte
da natureza torta
dos sentimentos.
23.4.07
Jorge
matar um dragão por dia
é como fazer poesia
enfrentar o diabo
da vida
com a lança-palavra
erguida
matar um dragão por dia
é como viver na lua
derrotar o tédio
da morte
com o verbo-espada
afiada
matar um dragão por dia
é respirar ódio e cuspir fogo pelas ventas
para que um dia toda maldade vire fumaça
e nossa presença guerreira seja só a lembrança
de um tempo em que o homem valente era o herói da raça
viva são jorge
viva oxossi
viva bem
e mate o mal.
21.4.07
Tiradentes
joaquim josé da silva xavier
foi pro tudo ou nada
foi pro que desse e viesse
foi apresentado ao laço
foi dividido em pedaços
espalhado
dispersado
como a consciência nacional
mas não fizeste mal
joaquim
cortaste um dobrado
mas ganhaste um feriado
que se por ti não foi gozado
é por nós aproveitado
tenho dito
e obrigado.
foi pro tudo ou nada
foi pro que desse e viesse
foi apresentado ao laço
foi dividido em pedaços
espalhado
dispersado
como a consciência nacional
mas não fizeste mal
joaquim
cortaste um dobrado
mas ganhaste um feriado
que se por ti não foi gozado
é por nós aproveitado
tenho dito
e obrigado.
15.4.07
Bala perdida
sou halls esquecida
ardida
partida
na cesta do lixo
sou juquinha derretida
melada
colada
no fundo da bolsa
sou kids hortelã
roída
largada
na boca das formigas
triste é o destino
das balas perdidas
sem um aperto de mão
sem um sorriso de criança
sem um cosme e damião
sem uma doce lembrança.
ardida
partida
na cesta do lixo
sou juquinha derretida
melada
colada
no fundo da bolsa
sou kids hortelã
roída
largada
na boca das formigas
triste é o destino
das balas perdidas
sem um aperto de mão
sem um sorriso de criança
sem um cosme e damião
sem uma doce lembrança.
12.4.07
Mais que nada
é um pouco
é quase tudo
quase mudo
quasímodo
subindo
notre dame
pedindo
minha dama
esmolando
um pingo
de atenção.
é quase tudo
quase mudo
quasímodo
subindo
notre dame
pedindo
minha dama
esmolando
um pingo
de atenção.
8.4.07
Páscoa
saio do ovo
entro de novo
rezo pro povo
venço a preguiça
acredito na missa
saúdo os amigos
que nunca vi mais gordos
chocolate pra todos.
entro de novo
rezo pro povo
venço a preguiça
acredito na missa
saúdo os amigos
que nunca vi mais gordos
chocolate pra todos.
7.4.07
Aleluia
fui fazer um verso
saiu um versículo
deve ser porque
é sábado
alegria
aleluia
cupim alado
perdido
voado
até ele
busca a luz
cupim aliado
cupim solidário
assim como nós
carrega sua cruz
aleluia
oxalá
haja luz.
saiu um versículo
deve ser porque
é sábado
alegria
aleluia
cupim alado
perdido
voado
até ele
busca a luz
cupim aliado
cupim solidário
assim como nós
carrega sua cruz
aleluia
oxalá
haja luz.
6.4.07
Sessão que inveja II
"Roxanne, you don't have to put on the red light"!
Gostaria de ter escrito isso. Police!
Paixão
de Cristo
de cisto
desisto
só um
messias
nos basta
cruzes
credo
altares
é tempo
de muitos
templos
e pouca
fé
ouvidos atentos
o fim
não está chegando
mas está sempre
começando
não leve a mal
apocalipse nunca
alegre-se now.
de cisto
desisto
só um
messias
nos basta
cruzes
credo
altares
é tempo
de muitos
templos
e pouca
fé
ouvidos atentos
o fim
não está chegando
mas está sempre
começando
não leve a mal
apocalipse nunca
alegre-se now.
1.4.07
Piripaco
a vida é uma beleza
a vida é um saco
nunca aposte tudo
nunca engula sapo
às vezes
loteria
às vezes
piripaco.
a vida é um saco
nunca aposte tudo
nunca engula sapo
às vezes
loteria
às vezes
piripaco.
Mentira
tira a mão daí
não gosto de você
nunca mais quero te ver
maldita a hora em que eu te conheci
mentira pouca é besteira
não foi a última
não será a primeira
sigo em busca da verdade
como se ela fosse
verdadeira.
não gosto de você
nunca mais quero te ver
maldita a hora em que eu te conheci
mentira pouca é besteira
não foi a última
não será a primeira
sigo em busca da verdade
como se ela fosse
verdadeira.
31.3.07
Fisioterapia
massageie o ego
ponha gelo na consciência
faça acupuntura da realidade
alongue os limites da imaginação
será que existe alguém nesse planeta
que possa se considerar inteiramente são?
são coisas da vida
celulites da paixão
estrias do pensamento
artrites da razão
corrija sua postura
flexione até o dedão
saiba que a existência é dura
mas tem fisioterapia
arte
e
emoção.
ponha gelo na consciência
faça acupuntura da realidade
alongue os limites da imaginação
será que existe alguém nesse planeta
que possa se considerar inteiramente são?
são coisas da vida
celulites da paixão
estrias do pensamento
artrites da razão
corrija sua postura
flexione até o dedão
saiba que a existência é dura
mas tem fisioterapia
arte
e
emoção.
25.3.07
Ênclise
sou um camelo
mas quero vê-la
entre minhas corcovas
vejo seu cabelo
caminho no deserto
pra te ter por perto
enfrento o asfalto
corro
pulo
salto
muito mais alto
que o cume do corcovado
ó cristo
me dá um abraço
sou só um camelo
e só quero comê-la.
mas quero vê-la
entre minhas corcovas
vejo seu cabelo
caminho no deserto
pra te ter por perto
enfrento o asfalto
corro
pulo
salto
muito mais alto
que o cume do corcovado
ó cristo
me dá um abraço
sou só um camelo
e só quero comê-la.
22.3.07
Resumo
assumo a síntese
do limão
limonada
do irmão
mãos dadas
do avião
horas voadas
não há nada nesse mundo que não leve uma aparada
humanos um
máquinas zero.
do limão
limonada
do irmão
mãos dadas
do avião
horas voadas
não há nada nesse mundo que não leve uma aparada
humanos um
máquinas zero.
18.3.07
Transmimento de pensação
você pega um ônibus
o ônibus me pega
você salta no ponto
onde nego me assalta
você entra na farmácia
eu adentro o hospital
você compra absorvente
eu sangro pelo nariz
você sobe na balança
eu embarco numa maca
você se sente pesada
me sinto leve demais
você entra no trabalho
eu descanso em paz
isso é transmimento
de pensação
nosso encontro
fica pra próxima
encarnação.
o ônibus me pega
você salta no ponto
onde nego me assalta
você entra na farmácia
eu adentro o hospital
você compra absorvente
eu sangro pelo nariz
você sobe na balança
eu embarco numa maca
você se sente pesada
me sinto leve demais
você entra no trabalho
eu descanso em paz
isso é transmimento
de pensação
nosso encontro
fica pra próxima
encarnação.
14.3.07
Dançarino
sonho bailar na vida
como se fosse fred astaire
sambar de alegria
valsar de tristeza
evoluir na avenida
navegar em veneza
me perder no rio
me achar em salvador
me apaixonar todo dia
morrer de eterno amor
sonho bailar na vida
como se fosse um peão
rumbar contra o tédio
bolerar de tesão
enganar a morte
com um passo sim
outro compasso não
te abraçar de frio
te guiar com a mão
sonho bailar na vida
até abrir
um buraco
no chão.
como se fosse fred astaire
sambar de alegria
valsar de tristeza
evoluir na avenida
navegar em veneza
me perder no rio
me achar em salvador
me apaixonar todo dia
morrer de eterno amor
sonho bailar na vida
como se fosse um peão
rumbar contra o tédio
bolerar de tesão
enganar a morte
com um passo sim
outro compasso não
te abraçar de frio
te guiar com a mão
sonho bailar na vida
até abrir
um buraco
no chão.
11.3.07
Baião de dois
a vida
é pra nós dois
somos feijão com arroz
eu te como
você me come
depois
tomamos café
vivemos com fé
olhamos pro pé
pedimos perdão
porque a vida
é pra depois
somos baião de dois
sem ritmo
só feijão com arroz.
é pra nós dois
somos feijão com arroz
eu te como
você me come
depois
tomamos café
vivemos com fé
olhamos pro pé
pedimos perdão
porque a vida
é pra depois
somos baião de dois
sem ritmo
só feijão com arroz.
10.3.07
Sessão "que inveja"!
Estou inaugurando com a música "Se", de Djavan, a sessão "que inveja". Pelo menos uma vez por mês vou postar aqui poesias, letras de músicas, textos que eu gostaria de ter escrito. Curtam e, como eu, morram de inveja!
7.3.07
Mulheres
colheres cheias de paixão
mergulhadas nos pratos
fundos
da razão
cálices de romantismo
brindando aos sentimentos
bebendo ao som
dos quatro elementos
saladas frias
de folhas vivas
temperos de morte
em suaves venenos
doces de mães
sobremesas de amantes
licores para acompanhar
balas de sonho
mulheres
de onde viemos
para onde vamos
vocês sempre são
e nós sempre apenas
fomos.
mergulhadas nos pratos
fundos
da razão
cálices de romantismo
brindando aos sentimentos
bebendo ao som
dos quatro elementos
saladas frias
de folhas vivas
temperos de morte
em suaves venenos
doces de mães
sobremesas de amantes
licores para acompanhar
balas de sonho
mulheres
de onde viemos
para onde vamos
vocês sempre são
e nós sempre apenas
fomos.
3.3.07
Ser humano torto
sou um ser
meio maroto
quando deitado
abandono o corpo
sonho com o oceano
amanheço mar morto.
meio maroto
quando deitado
abandono o corpo
sonho com o oceano
amanheço mar morto.
28.2.07
Preguiça
não quero fazer nada
que dê em algo
que tenha sentido
que seja objetivo
que me dê motivo
pra ir embora
com tim maia
morro de sono
canto o universo
em desencanto.
que dê em algo
que tenha sentido
que seja objetivo
que me dê motivo
pra ir embora
com tim maia
morro de sono
canto o universo
em desencanto.
25.2.07
Labuta
o labor tem seu sabor
tem gosto
tem cor
sei de cor
o seu teor
teoria
na prática
do odor
na lida
decoro
ao seu redor
roedor
receio
sem valor
trabalho
malho
erro
falho
labuta
la vida
louca
como um bem-te-vi.
tem gosto
tem cor
sei de cor
o seu teor
teoria
na prática
do odor
na lida
decoro
ao seu redor
roedor
receio
sem valor
trabalho
malho
erro
falho
labuta
la vida
louca
como um bem-te-vi.
22.2.07
Cinzas
19.2.07
Não tinha a ver
a pulga com o carrapato
a meia com o sapato
o buraco com o rato
a comida com o prato
a princesa com o sapo
não tinha a ver
eu com você
o programa com a tv
o azeite com o dendê
o fusca com o fenemê
o saci com o pererê
não tinha a ver
então por que te vi
peri beijou ceci
e acabou aí
ali
ihhhhhhhhhhhhhhh
só vejo uma fila de agás
atrás
de mimmmmmmmm.
a meia com o sapato
o buraco com o rato
a comida com o prato
a princesa com o sapo
não tinha a ver
eu com você
o programa com a tv
o azeite com o dendê
o fusca com o fenemê
o saci com o pererê
não tinha a ver
então por que te vi
peri beijou ceci
e acabou aí
ali
ihhhhhhhhhhhhhhh
só vejo uma fila de agás
atrás
de mimmmmmmmm.
17.2.07
15.2.07
Carnaval
você ainda não me ensinou a sambar
mas eu sei que vou te amar
por toda a minha vida
carnaval
você pensa que cachaça é água
e lança seu perfume de alegria
nessa avenida iluminada
carnaval
esse ano não vai ser igual aquele que passou
vamos brincar até quarta-feira
e tudo sempre vai durar
porque carnaval
você é minha brincadeira séria
o resto da vida é besteira.
10.2.07
Velhos amigos
são como sujeira no umbigo
pedaços do princípio
guardados
com todo o cuidado
que só o desleixo deixa
amigos de outrora
outras horas
contidas
num canto
escuro
da memória
tempo sem juízo
juiz e regras
todos íntegros
nomes inteiros
na lista de presença
presentes do tempo
que a vida não era
folhetim
éramos sim
boletim.
pedaços do princípio
guardados
com todo o cuidado
que só o desleixo deixa
amigos de outrora
outras horas
contidas
num canto
escuro
da memória
tempo sem juízo
juiz e regras
todos íntegros
nomes inteiros
na lista de presença
presentes do tempo
que a vida não era
folhetim
éramos sim
boletim.
8.2.07
Vida moderna
a terra
tão contida
num vaso
o fogo
tão fruto
do isqueiro
o ar
tão frio
e condicionado
a água
tão dividida
pelo chuveiro
onde foram parar
os quatro elementos
onde vai dar
a vida moderna
é
pelo visto
saímos da caverna.
tão contida
num vaso
o fogo
tão fruto
do isqueiro
o ar
tão frio
e condicionado
a água
tão dividida
pelo chuveiro
onde foram parar
os quatro elementos
onde vai dar
a vida moderna
é
pelo visto
saímos da caverna.
7.2.07
Compromisso
a poesia não tem compromisso
nem virtude
nem vício
pega no meio
se perde no início
é tim sem maia
é jaca sem visco
aranha sem teia
olho com cisco
é furo na meia
é viola no saco
chute na veia
calo no pé
a poesia só serve pra isso
abrir a cabeça
encher o pulmão
morder seu coração.
nem virtude
nem vício
pega no meio
se perde no início
é tim sem maia
é jaca sem visco
aranha sem teia
olho com cisco
é furo na meia
é viola no saco
chute na veia
calo no pé
a poesia só serve pra isso
abrir a cabeça
encher o pulmão
morder seu coração.
6.2.07
Geribáticos
contra os sorumbáticos
temos os geribáticos
contra a volta às aulas
temos professoras novas
novos amores
odores de cotovelos
intermináveis novelos
novelas das sete
onde o amor está no ar
sempre vence
você me convence
a ser feliz
contra os macambúzios
temos búzios
a sorte está lascada.
temos os geribáticos
contra a volta às aulas
temos professoras novas
novos amores
odores de cotovelos
intermináveis novelos
novelas das sete
onde o amor está no ar
sempre vence
você me convence
a ser feliz
contra os macambúzios
temos búzios
a sorte está lascada.
2.2.07
Búzios
jogo de búzios
jogo do mar contra a areia
vento traz sereias
conjunto de curvas
ondulando certezas
quebra-mar de friezas
beleza
não há nado
não há nada
que o mar não leve
pras profundezas.
jogo do mar contra a areia
vento traz sereias
conjunto de curvas
ondulando certezas
quebra-mar de friezas
beleza
não há nado
não há nada
que o mar não leve
pras profundezas.
31.1.07
Acessório
quero ser pente
só para percorrer
seus cabelos
quero ser brinco
só para ouvir
seus segredos
quero ser batom
só para brilhar
nos seus beijos
quero ser colar
só para arfar
seus desejos
quero ser cinto
só para sentir
seus movimentos
quero ser salto
só para seguir
seus passos
e ver se um dia viro roupa íntima
do seu coração.
só para percorrer
seus cabelos
quero ser brinco
só para ouvir
seus segredos
quero ser batom
só para brilhar
nos seus beijos
quero ser colar
só para arfar
seus desejos
quero ser cinto
só para sentir
seus movimentos
quero ser salto
só para seguir
seus passos
e ver se um dia viro roupa íntima
do seu coração.
29.1.07
Velhice
"A velhice é um estado de espírito que, com o passar dos anos, infelizmente se manifesta no corpo"
(minha)
dói aqui
dói acolá
pra não doer
é preciso se cuidar
como assim?
eu que sempre cuidei de tudo
e todos
agora ainda vou ter
que cuidar de mim?
ó pesado fardo!
ó nefasto destino!
ó que mesmo que eu estava falando...?
esqueço que envelheço
esqueci o que perdi
esquecerei o que não mereço
porque vivo sem endereço
só quero chegar
ao lugar
onde
morri.
(minha)
dói aqui
dói acolá
pra não doer
é preciso se cuidar
como assim?
eu que sempre cuidei de tudo
e todos
agora ainda vou ter
que cuidar de mim?
ó pesado fardo!
ó nefasto destino!
ó que mesmo que eu estava falando...?
esqueço que envelheço
esqueci o que perdi
esquecerei o que não mereço
porque vivo sem endereço
só quero chegar
ao lugar
onde
morri.
26.1.07
Killing me softly
with his song
como bola de ping-pong
pra lá e pra cá
como um joão
sem garrincha
como um bem
sem te vi
as palavras podem matar
o tédio
o assédio
o ascensorista daquele prédio
na avenida paulista
quero te perder de vista
sem deixar pista
não insista
eu não te ouço
porque você quer
just kill me
whit your songs
vou criar uma ong
só pra dizer
so long
roberta flack.
como bola de ping-pong
pra lá e pra cá
como um joão
sem garrincha
como um bem
sem te vi
as palavras podem matar
o tédio
o assédio
o ascensorista daquele prédio
na avenida paulista
quero te perder de vista
sem deixar pista
não insista
eu não te ouço
porque você quer
just kill me
whit your songs
vou criar uma ong
só pra dizer
so long
roberta flack.
23.1.07
Traumas de infância
sorvete que cai
balão que voa
vitamina mista
meia de presente
professora feia
gripe no passeio
medalha de participação
regular na redação
o primeiro sim
o primeiro não
a infância é boa
mas só quando
termina.
balão que voa
vitamina mista
meia de presente
professora feia
gripe no passeio
medalha de participação
regular na redação
o primeiro sim
o primeiro não
a infância é boa
mas só quando
termina.
20.1.07
Rio
18.1.07
Janela
15.1.07
Solteiros
somos todos nós
solitários
desatando nós
que a vida dá
solteiros
soltamos a voz
saltamos dos ônibus
embarcamos em cada uma
sozinhos
falamos com vizinhos
visitamos a vida
recebemos visitas
mas não há de ser nada
sozinhos chegamos
sozinhos nós vamos
até a próxima
entrada.
solitários
desatando nós
que a vida dá
solteiros
soltamos a voz
saltamos dos ônibus
embarcamos em cada uma
sozinhos
falamos com vizinhos
visitamos a vida
recebemos visitas
mas não há de ser nada
sozinhos chegamos
sozinhos nós vamos
até a próxima
entrada.
11.1.07
Casais
casais são lindos
sempre iguais
beijam demais
não são simples mortais
registram a felicidade
em flashs digitais
e mais
sem danos morais
inventam a eternidade
nos mínimos
ais
ai como eu te amo
ai como eu te quero
ai como eu te espero
e é tudo sincero
e é tudo que importa
e é tudo.
sempre iguais
beijam demais
não são simples mortais
registram a felicidade
em flashs digitais
e mais
sem danos morais
inventam a eternidade
nos mínimos
ais
ai como eu te amo
ai como eu te quero
ai como eu te espero
e é tudo sincero
e é tudo que importa
e é tudo.
7.1.07
Caramalhada
tua cara malha
teu corpo rolha
seu ser olha
quero ser folha
leve
sem peso e sem juízo
breve
te vejo sem aviso
reze
pra não ter compromisso
isso
foi o que te ensinei
nisso
sou bom no que não sei
gasto
os dias como um maço
de notas
de um.
teu corpo rolha
seu ser olha
quero ser folha
leve
sem peso e sem juízo
breve
te vejo sem aviso
reze
pra não ter compromisso
isso
foi o que te ensinei
nisso
sou bom no que não sei
gasto
os dias como um maço
de notas
de um.
3.1.07
Esperando
o azar do pessimista
é que todo dia
nasce uma esperança
aqui ou no japão
um sorriso inesperado
um gesto de perdão
uma flor no meio da pedra
uma visita no portão
uma alegria na miséria
um real no bolso da imaginação
uma solução na controvérsia
um sonho sob o colchão
o azar do pessimista
é que todo dia
nasce uma criança
bem lá no fundo
naquele lugar do mundo
dentro de cada um de nós.
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Reflexos
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