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tem mês que é trinta
tem mês que é vinte e nove
tem mês que se move
pelo ano afora

tem mês que pinta
tem mês que promete
tem mês que se mete
no meio do semestre

tem mês que é tinta
e se escreve pra sempre
na memória calendária
da história transitória
de tantos dias
iguais.

Aquamarina

chuvosa
cai em pé
corre sinuosa
segue ruidosa
num telhado verde
de esperanças solares.

Encontros

um dia o perfeito
encontra o defeito
o pingo chega no chão
o raio racha o céu
o laço envolve o cabelo
o lago sorri pra pedra
o grampo fura o papel

um dia o receio
encontra a coragem
o anel sai do dedo
o vento abre a janela
a flecha corta o ar
o mar bate na areia

um dia o mundo
encontra o universo

fecho os olhos

e desperto.

Aqualung

traço paralelo
entre a vida e a morte
no meio
está cheio

de sorte

viver por esporte
mergulhar só tem graça
de olhos bem abertos
futuro e fôlego
incertos

e um siri
boquiaberto

por perto.

Caldo

janeiro

ferve por inteiro
acende o braseiro
aciona o isqueiro

esquenta o traseiro

que aí vem

fevereiro.

Prelúdio

no início
era o verso

então viramos de lado
trocamos promessas
de uso diário

começamos o ano
como se algo
tivesse
mudado.