22.6.20

Tempestade

quero
minha utopia
de volta
a realidade
me revolta
e só a
imaginação
pode fazer
a ponte
com o amanhã
quero
minha utopia
de volta
e os ratos
que roem
a corda
da possibilidade
vão sentir

o gosto
da tempestade
que os afoga.


13.6.20

Das dores

minhas dores
estão ficando antigas
e já me são tão íntimas
que quase
me apaixonei por elas
doem as costas
doem as pernas
mas as que mais doem
são as sequelas
de amores cortados
e amizades fraturadas
cicatrizes
de remorsos costurados
e mágoas alongadas
exijo dores novas
nem que sejam
as últimas
a serem
amaldiçoadas.

11.6.20

POEMação

de que me vale a poesia?
se nesses tempos de guerra
meus versos não forem
motosserras
decepando maldades?

de que me vale a poesia?
se nesses tempos assassinos
meus versos não tocarem
sinos
anunciando crueldades?

de que me vale a poesia?
se nesses tempos desumanos
meus versos continuarem apenas
panos
lustrando vaidades?

o poeta
é operário das letras
agricultor dos sentidos
soldado das paixões

ao poeta
cabe juntar palavras
unir os desunidos
e criar revoluções.


Reflexos

 reflito meu futuro com o olhar do passado sei que morro sei que lagoa sou sujeito à toa que a morte zoa.