30.7.17

Prato

o poeta morre um pouco
em cada tristeza
alheia
cercado de tantas fomes
ele é prato
ele é ceia.

29.7.17

sempre só
como o avô
de minha avó
como uma corda
sem nó
como uma dor
sem dó
sempre só
e você sorrindo
imaginária
como a amante
que nunca tive
e sem nunca ser
achou de moer
meu coração
até virar pó.

27.7.17

Entreposto

algumas palavras
saem assim
a contragosto
carro parado
no posto
para calibrar
peido escondido
no encosto
que é pra ninguém
escutar
sirenes encobrindo
o desgosto
que é
a emergência
de alguém
pra atrapalhar
não vem que não tem
minha poesia não é exposição
de belezuras
carne crua
tortura
tontura
um dia vamos estar tão mortos
que nem
precisaremos
mais
nos matar.

25.7.17

Indiferente

todo ano ela vem
indiferente
ao passado 
ao presente
escandalosa
inconsequente
chega a doer
nos olhos
e na mente.

Amigo

aquele que olha
para você
antes de olhar
o próprio
umbigo
aquele que chora
por você
como se chorasse
o próprio
destino
aquele que chega
até você
como se chegasse
ao próprio
filho
amigo
não sei o que seria
essa viagem
sem olhar
para os lados
e ver
todos vocês
aqui
comigo.

18.7.17

A chuva

a chuva
achava
que chover
era novidade
quanta ingenuidade
há anos
que chove
muito
aqui dentro
da minha saudade.

Reflexos

 reflito meu futuro com o olhar do passado sei que morro sei que lagoa sou sujeito à toa que a morte zoa.