26.9.14

Porta e retrato

leve minha cor
leve meu brilho
num
levantar
de supercílios
só não venha
reclamar
se acaso
eu ficar
melhor em preto & branco.


Salto

da paz
à indiferença
é um pulo
você pensa
que sou sábio?
pois lhe digo
sou nulo.


24.9.14

Sombreados

sem passado
sem futuro
sigo
olhando
no escuro
pontos de luz
que os antigos
e novos
magos
fingem ser
estrelas
e no fundo
são
centelhas
de iluminação.


23.9.14

Jura

poesia
minha [fia]
o que foi
que eu te fiz?
fez versos
fez poemas
fez rimas
que eu nunca quis
desculpe
minha [fia]
juro
que num faço
mais
[cê] jura
[cê] mente
[cê] logo
volta atrás.

Flores

prima vera
tia marisa
vó elisa
irmã marcela
todas elas
eram flores
todas elas
eram belas
todas eram
prima feras.


20.9.14

Cordilheira

se no céu
o sol não brilha
e daí?
você não é uma ilha
cordilheira que anda
cabe
a você
estender
seus braços
até formar
uma trilha.



19.9.14

Pioridade

envelhecer não é fácil
tudo começa com um tio
senhor
ou seu fulano
aí vem o doutor
e você
entrou pelo cano
sente até
falta de ar
e a coisa
vai piorando
qual a sua idade?
tantos anos...
nem parece!
finjo que
me engano
deve ser
esse seu jeito
tão jovial!
mais uma palavra...
e eu esgano
velho maluco!
velho sem noção!
nada disso
minha gente
é só um velho...
se revoltando.

16.9.14

Estações

o que faz
uma árvore crescer?
seu olhar de adubo
fresco
ou a natureza simples
do seu amor?
as folhas caem
a rua inunda
ó inverno
és um outono
metido à besta.


15.9.14

MALDITA ALEGRIA QUE ME INVADE

ser feliz é moleza
o duro
é bancar
essa tristeza
só para parecer inteligente
profundo
um ser
de outro mundo
cheio de dores
incuráveis
passarinhos mortos
amores sem corpos
tragédias caseiras
queimaduras
de todos os graus
borboletas sem asas
traições profundas
frustrações
de pau
e de bunda
ser feliz é moleza
foda
é parecer importante
sem um pingo
de tristeza.


14.9.14

12.9.14

Só no sonho

levou seu corpo
mal dormido
pra passear
na esquina
sonhava ser
atropelado
ou estudar
medicina
pensava estar
acordado
mas
na verdade

ainda dormia.



11.9.14

Sem pé nem coração

suas orelhas
levam brincos
e algumas
palavras minhas
pingentes
do passado
balançando
sem sentido
há quem lamente
a perda
de um brinco
mas triste mesmo
é o amor
sem pé
do ouvido.

10.9.14

Pedra, papel...

a tesoura
corta o pano
corta os pelos
corta os planos
a tesoura
censura a vida
nossos acertos
nossos enganos.



8.9.14

Com licença

meus poemas são assim
feitos de qualquer jeito
sem pé nem cabeça
cheios de defeitos
meus poemas são assim
sem fim nem começo
acho que faço errado
há quem diga
[tá perfeito]

meus poemas são assim
quem não tá a fim de ler
pede licença

e solta um peido.



Necessária

uma música triste
entristece o coração
mas não faz mal
porque a tristeza
insiste
e faz mais mal
quem por vezes
resiste
fingindo
que a tristeza

não existe.



6.9.14

Ora pombos...

se um pombo
pode voar
por que insiste
em caminhar?

bora voar
pombo!
antes que a vida
veloz

venha te atropelar.



5.9.14

Na pista de Nikiti

ê Niterói 
terra de mulheres bonitas
as melhores vistas
uma classe média
esquisita
onde o pobre
trabalha
ou visita

ê Niterói
vão dizer que não é mais
tão querida
tem assaltos
e até mesmo
bala perdida
que coisa
maldita

ê Niterói
aqui eu nasci
aqui eu vivo
a vida
e se bobear
vou morrer
sem deixar
pista.



4.9.14

Kriptonita

já foste forte
já foste imbatível
já foste super
já foste temível

hoje és só homem
sub tudo

super sensível.



3.9.14

Vida vampira

a vida
é dos corpos
sem alma
dos peitos
sem coração
dos gestos
sem sentido
dos crimes
sem perdão
dos leitos
sem amantes
dos amores
sem paixão
a vida
é dos vivos
sem alma
e dos mortos
sem caixão.


1.9.14

Domingo com o infinito

noites de domingo
noites de silvios
e de santos
fantásticos
prantos
de gols contra
e a favor
noites de planos
noites planas
e onduladas
em que tudo
absolutamente tudo
é um imenso
conjunto

de nadas.



Reflexos

 reflito meu futuro com o olhar do passado sei que morro sei que lagoa sou sujeito à toa que a morte zoa.