30.12.08

2009

o mundo se move
e eu aqui parado
tarado por calendários
anotando datas
especulando horas
senhoras do tempo
e dos contratempos
diários

o mundo se envolve
e eu monto cenários

tarado por finais alegres
sou trágico
otimista
animal
meu cachorro
nem sempre morre
no final.

19.12.08

16.12.08

Mexilhão

mexo com as palavras
por não ter mais
com o que mexer

assim como quem alisa uma toalha
cata uma migalha de pão
senta e vê televisão

mexo com as palavras
por não ter mais
com o que mexer

assim como quem toma um banho
canta uma velha canção
enxuga uma paixão

mexo com as palavras
por não ter mais

o que fazer

parece que tudo já foi feito
e o que não se fez não tem jeito

nem virá a acontecer.

9.12.08

Tróia

beba com moderação
fume com moderação
seja com moderação

sofra em segredo
e faça
da vida
um presente

de grego.

6.12.08

Allegro ma non troppo

o meu amor se move
moderadamente
nunca rápido
nunca devagar
nunca suficientemente

o meu amor se move
musicalmente
orquestra de solistas
dueto de intimistas
sempre dois regentes

o meu amor se toca
indiferente
allegro vira lento
sempre o troppo
é pouco
pra gente.

4.12.08

Propaganda

a alma do meu negócio
não é o ócio
é o business
e o beócio
com seus sócios
suas siglas
e silogismos
impróprios

mas não sinto um divórcio
entre o poeta
e o publicitário

somos de novo sócios

investimos tudo
no mercado futuro
realizando lucros
a três por quatro
em transações obscuras

é fato

o publicitário
vive de juros

o poeta
vive de juras.

Reflexos

 reflito meu futuro com o olhar do passado sei que morro sei que lagoa sou sujeito à toa que a morte zoa.