29.9.08

Arte


um menino fazendo arte
assaltando armários
comendo biscoitos


um menino fazendo arte
roubando corações
fazendo dezoito


um menino fazendo arte
traficando versos
morrendo aos poucos.

27.9.08

Gira

e
quando eu morrer
não vou fazer
nenhuma falta

o mundo gira
de vez em quando
um de nós


salta.

De fora

quem vem de fora
não tá fora
não tá dentro
é cigano
é sedento
de sangue dos vampiros
do inferno
do momento

cada um que se salve
que não escape
um movimento.

21.9.08

às vezes

não tenho nada a dizer
e isso é muito bom
aperto o botão
e chego
quase
no
porão

às vezes
não tenho nada a dizer
e isso é muito sério
solto um pum
que vira
poema
aéreo

10.9.08

Rente

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é doce ser
incoerente
na medida
em que o presente
é o pretérito

perfeito
do futuro

deixo furos
conscientes

de que quando altero o

rumo

faço muro

e vou em frente.

1.9.08

Lembrança

toda vez que eu me lembro
é setembro
independente de qualquer coisa
do meu casamento
do aniversário dela
de quanto tempo estamos juntos
mudando os assuntos
assuntando outros mundos
de torres caindo
e a gente subindo
cada vez mais alto

você desce do salto
eu falo baixo
ou melhor nem falo
não piso no calo

que há setembros que te amo muito
embora diga pouco
pareça louco
só não sou oco
porque dentro

tenho você.


Para dona Matilde, minha manhã de setembro.

Reflexos

 reflito meu futuro com o olhar do passado sei que morro sei que lagoa sou sujeito à toa que a morte zoa.