30.12.06

Ano Novo

feliz ano novo
pra vocês
todo dia
todo mês
toda a vez
que vocês pensarem
em desistir
em não ir
em não rir
em sumir
apareçam
por aqui
por aí
em todo lugar
onde haja
esperança
ou lembrança
de dias melhores
amores maiores
que os problemas
os dilemas
insolúveis

sejamos volúveis

mais um ano
mais um lance
mais uma chance
pra ser
simplesmente

feliz.

29.12.06

Polícia

polícia para quem precisa
indecisa
a rua à deriva
maldade em carne viva
descaso em carne e osso
quem morre
é pobre
é povo
sempre
quase sempre
ou de novo
polícia para quem
precisa
objetiva
fugitiva
toma iniciativa
não há viva alma
nem alma viva
nem sociedade alternativa
herança em cores
na televisão
o nosso pavilhão:

o verde do nosso limo
o amarelo nosso cínico
o azul nossa frieza
o branco nosso esquecimento

cimento do ano novo
quem morreu
morreu de novo
esquece
é o povo.

28.12.06

Casa e botão


a casa é humilde
metido é o botão
vive na frente
redondo e bobão
zomba da linha
desfaz do algodão
estufa com o peito
aperta o pulso
prende o cordão

mas um dia
a linha
cansada
cede à tensão
perde as forças

adeus botão...

a casa sorri
livre do tirano
a vida continua
sem você
meu botão
botão importante
botão imponente
botão impotente

botão
no chão.

27.12.06

Pavê de quê?

doce
cê faz doce
que doce
desce
me aquece
cê não esquece
nunca envelhece
açúcar
boca maluca
se faz de doce
em calda
toda melada
nada
nessa geléia
com cobertura
passou do ponto

gema
o sol nasceu
do ovo
é claro
que te quero

é nós dentro do bolo.

26.12.06

Paciência

peço paciência
convivência
menos ciência
convicções
boas ações
más convenções
menos reuniões
sensações

peço mais
intuições.

21.12.06

Natal 2006

salada de emoções
farofa de amizade
suflê de carinho
love me tender
saudades
de sobremesa
todos presentes
fora os ausentes
que permanecem
entre nós
castanhas
estranhas memórias
ave maria
avelãs
ave sadia
nossas preces
cristãs
quem sabe um dia
esse dia
feliz
seja
amanhã
se não for
não faz mal
um brinde ao desejo
à saúde
ao beijo
aos meus queridos
presentes
sorrisos
entre os dentes
pedaços da ceia
que a vida é inteira
não cabe na meia
de papai noel.

14.12.06

Reunião em família

alegria sorrisos
há quanto tempo
vira-latas faísca
abana o sono
nossa
como cresceu
a cara do pai
é minha filha
eu só carreguei
sai cachorro indecente
cheira as coisas da gente
deixa o animal
é tão natural
mas vamos entrando
não reparem a bagunça
que nada cunhada
tá tudo ótimo
ninguém conserta
como deus permite
que cheiro bom de feijão
é coisa tão simples
comida de pobre

a gente comia
a gente brindava
a gente brigava
a gente sempre voltava

sai faísca
cachorro indecente...

9.12.06

China in box

separo a realidade em pedaços
mas nunca me encaixo
procuro
não acho
o molho agridoce
do meu rolinho
primavera
estação das flores
busco sabores
faço mestrado
em kung fu
ai ki dô
sai pra lá doutor
doutorado
gordura pra todo lado
atolado vejo
a sorte no biscoito

diabo
como eles enfiam tudo
numa caixinha?

Samurai


sem dono
espadachim
sem sono
vaga
dentro de si
siamês
ronrona
sua sombra
rápida
passa a faca
ataca
de surpresa
sua presa
fere
sangra
sem pressa
profissional
da morte
sorte

só quem tenta tem.

7.12.06

Poema de segunda

na segunda
não me fale de morte
me fale de sorte
dê um corte
na segunda
engate uma quinta
passe pela sexta
e seja feliz
veja a sexta

que eu fiz

parado na blitz.

5.12.06

Calor

minha mente
sua
minha fronte
pinga
meu corpo
ginga
meu erro
dói
meu tempo
foi
meu lenço
branco

eu quero paz
de criança brincando.

3.12.06

Encanto

viciei no seu canto
como barata
fujo
do seu sapato
sou seu pato
ameaço
digo
me mato
sem cachorro
corro
subo o morro
pra pedir
mais alto

socorro.

Reflexos

 reflito meu futuro com o olhar do passado sei que morro sei que lagoa sou sujeito à toa que a morte zoa.