Acordo com o repentino barulho do meu acordar. Sei que estou totalmente morto, mas o relógio digital colocado à direita de meu ouvido, bem ao lado das fotos de mulher e filhos, me deixa em dúvida. Estranho muito também o vidro de homeopatia que não tomo mais. Além de óculos indispostos sobre um anel de prata.
E morto precisa de despertador? Defunto leva consigo retratos de família, bolinhas brancas, enfeite de dedo e objetos de leitura? Ah, devo ser um faraó moderno, desses que vão para o túmulo com mochilas da Wilson.
Dura, muito dura é a morte. Ainda mais quando você descobre que deixou em outra vida o seu pendrive.
A poesia é minha, sua, nossa. A poesia é banho, surra, coça. A poesia é. O resto é troça.
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Reflexos
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