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quando você acorda
com milênios no pescoço
pensando no almoço
sonhando com o fim
do dia
da tarde
da noite
já é
poesia
quando você olha
do seu vidro insufilmado
o moleque a seu lado
malabaris de limão
azedo
com medo
toda culpa
já é
poesia
quando você chora
sua dor tão mediana
que o fim-de-semana
parece a solução
vem o sábado
vai o domingo
sempre bundão
já é
poesia
quando você vive
e não se arrepende de todos os erros e acertos que ainda vai cometer até o fim disso tudo
a dor do inimigo
o som do tiro
já é
poesia.
6 comentários:
As palavras às vezes são tiros. Muitos no pé, poucos na cabeça. Questão de mira...
Tião, você bem sabe, como poeta que é, que a poesia tem musicalidade própria. Ou tem ou não é poesia. Esse poema vai além disso. Ele grita por música. Nasceu como bela letra e quer ser embalado. É fêmea, com certeza.
lindo poema!
mostra que nosso sofrimento na maioria das vezes é tao mesquinho comparado aos problemas reais
na mosca, Sebá!
Preferiria que nada disso fosse poesia.
Nem lembrança, nem realidade, muito menos futuro. Nada.
Esse é outro dos meus prediletos.
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